Está ai uma pergunta que já ouvi muitas e muitas vezes e a resposta sempre foi a mesma – depende!
Depende da moto, da viagem, da época do ano, do padrão dos hotéis, tipo de alimentação, quilômetros por dia, sozinho ou com garupa, só uma moto ou em grupo, e mais uma série de coisas.
Tem motociclista que gasta R$ 1000,00 por dia viajando, e tem motociclista que leva 2 meses para consumir esse mesmo valor. Tudo depende!
E para tentar dar uma luz a você motociclista que quer ter alguma vaga idéia de números em uma viagem, eu registrei todos os gastos que tive em uma de minhas viagens, e vou descrever aqui o que foi gasto e quais foram os meus padrões.
O ano foi 2016, foram 15 dias de estrada durante o mês de julho.
A fim de equalizar os valores com os dias atuais nesse período 1 dolar era cotado por R$ 3,24.
Nestes 15 dias foram 4997 quilômetros rodados em uma viagem pelo Sul do Brasil e o Uruguai. Apenas uma moto na estrada, eu com minha esposa na garupa.
A moto, uma versys 650cc com três baús, totalizando uma capacidade de carga de 148 litros, fora bolsa-tanque e outros porta trecos da moto.
Nos dias de estrada, sempre uma serra para subir ou descer e pelo menos metade deles com trajeto em estradas de terra.
Dessa vez não tivemos tanta sorte com o clima. Apesar de ser inverno, choveu em 2/3 da viagem e pegamos neblina e serração praticamente todos os dias.
Foram consumidos 260 litros de Gasolina, a moto fez uma média de 19km/litro.
Dentro do Brasil, a gasolina mais barata custou R$ 3,29/litro (Palhoça-SC) e o litro mais caro saiu por R$ 4,10 (Santana do Livramento-RS). A média de valor de todos abastecimentos foi de R$ 3,755 o litro. No Uruguai o preço é sempre o mesmo em qualquer posto – A nafta Super 95 sai por 42,50 pesos o litro. (Aprox. R$ 4,25 cotação Jul/16) A gasolina do nosso vizinho é melhor e muda o rendimento da moto. Nos dias rodados só com a Super 95 a moto fez uma média 22km/litro. Apesar do valor do litro custar mais caro, por ser de melhor qualidade a gasolina do Uruguai rende mais, o custo por quilômetro rodado fica em R$ 0,193, enquanto no Brasil esse mesmo custo médio fica R$ 0,195 Um excelente comparativo do custo da gasolina pelo mundo pode ser visto aqui: https://pt.globalpetrolprices.com/gasoline_prices/
Foram nove pedágios onde moto paga, sendo o mais barato R$ 1,15 na Br-116 e o mais caro R$ 9,00 na BR-277, rodovia Curitiba-Paranaguá. Também fizemos duas travessias de Balsa, que custaram R$ 3,20 e R$ 6,00. No Uruguai as motos não pagam pedágio.
Para entrar no Uruguai é preciso ter a carta verde, um seguro obrigatório para acidentes nos dias que você estiver rodando. Quem tem seguro da moto aqui no Brasil pode entrar em contato com o corretor e pedir pela seguradora, vai custar a metade do preço do que fazer a carta verde na fronteira do país. Pagamos R$ 21,48 de carta verde para 2 dias, solicitado via corretor. (seguradora Porto Seguro) O fiscal na aduana (Chuí) exigiu a carta verde para entrada no Uruguai. Em outras viagens que fizemos antes e depois desta, já passamos por esta e outras aduanas e nunca nos requisitaram esse documento. Essa foi a única vez. Porém a carta verde é obrigatória, e em caso de um eventual acidente se você não o tiver vai enfrentar problemas com a justiça do país. Ainda dentro do Uruguai, decidimos ficar por mais um dia. Bastou um e-mail para o corretor resolver e devolver a mensagem com o documento em anexo validado para o novo dia. Depois foi só pedir para imprimir na recepção do hotel. Simples, rápido e fácil.
Falando nos hotéis, o mais caro custou R$ 210,00 e o mais barato R$ 80,00. Hotel ou pousada, todos que ficamos tinham um padrão semelhante.
Nossa exigência mínima era: Quarto com banheiro privativo, café da manhã, WiFi, estacionamento e boa condição de higiene. Normalmente buscamos hotéis com opção de climatização e TV, porém essa não era uma exigência nossa. A variação de preço vai muito de acordo com temporada de cada cidade visitada. Nessa época, nas cidades litorâneas a temporada é baixa e o preço muito atrativo. Reservar um hotel booking ou decolar, normalmente custa de 5 a 20% menos do que o preço de balcão ou reserva pelo próprio site do hotel. Porém, muitas vezes essas reservas não podem ser canceladas ou modificadas – é bom se programar direitinho. Os hotéis que custaram mais caro foram aqueles que não pesquisamos antes e não constavam em nosso planejamento de viagem e nem por isso foram os melhores em questão de qualidade.
Quanto a alimentação, a primeira do dia era o café da manhã, com custos já incluso na diária da hospedagem. No dias de estrada normalmente optamos por não almoçar, parando no caminho apenas para um café com um pão na chapa ou pão de queijo, deixando a refeição principal do dia para quando chegássemos no destino. Costumamos fazer dessa forma em nossas viagens, assim ganhamos tempo na estrada e evita-se o risco de um piriri surpresa por comer em qualquer lugar na beira da estrada – uma fruta, um chocolate, uma barra de cereal ou bolacha sempre estavam em nossa bagagem. Nossa opção era não parar para almoçar, mas não ficar sem comer. Quanto a refeição principal, normalmente a noite, por vezes jantamos em restaurantes bem legais, típicos do local e com pratos super bacanas, principalmente nas cidades mais turísticas. Já nas cidades de apenas pernoite optávamos por comer no restaurante do hotel ou pedir algo no delivery. Logo que cruzamos a fronteira, uma excessão, minha primeira refeição no foi um Pancho com Panceta (Cachorro quente com Bacon) em um trailer da Esso junto ao posto de gasolina. Alias para quem aprecia um bom churrasco no Uruguai a carne é maravilhosa, o sabor é diferente e muito macia – vale a pena!
Entrar no Uruguai ou em qualquer país do Mercosul basta levar seu RG ou, se preferir, o passaporte. Com RG é levemente mais burocrático, você precisa preencher fichas e o processo como um todo demora um pouco mais. Já com o passaporte é só apresentar no guichê, receber um um carimbo e pronto, bem mais rápido. Caso você não tenha ou o seu esteja vencido, não é necessário gastar dinheiro com o passaporte.
Gastar dinheiro fora do Brasil com cartão de crédito/débito, inside em pagar imposto em todas operações, o IOF. O valor do IOF é de 6,38% do valor da compra. Você pode pedir ao gerente do seu banco habilitar o débito internacional, dessa forma é possível sacar dinheiro na moeda local em qualquer caixa eletrônico no Uruguai (e outros países também) Nessa modalidade, você paga uma tarifa por saque e o banco faz a conversão da moeda, descontando em R$ no mesmo dia na sua conta do Brasil. Esse tipo de operação incide IOF (antes era apenas 0,38% – porém em 2014 o Brasil equalizou a tarifa igual ao cartão de crédito – 6,38%) Apesar do imposto e tarifas, eu particularmente gosto dessa modalidade, pois evito andar com muito dinheiro na moto e posso sacar o que preciso em cada país por onde passo, sempre na moeda local. Por outro lado, o Uruguai não cobra um imposto de turistas, o IVA. O desconto chega a ultrapassar 20%, e varia de acordo com sua compra/consumo. Apesar do desconto ser para estrangeiros, o pagamento em dinheiro em boa parte dos estabelecimentos não isenta o imposto, já o pagamento em cartão, o desconto é automático. No final das contas, a economia com o desconto do IVA acaba superando o valor do IOF, e compensa usar cartão de crédito/débito em vez de pagar em dinheiro. No Uruguai todos os postos de gasolina que paramos aceitavam cartão de crédito ou débito. (Diferente da Argentina, que muitas vezes só é possível pagar en efectivo) Cartões pré pago em dolar também são uma boa opção para levar dinheiro.
Foram R$ 248,00 com ingressos de parques / museus e entradas, todos no Brasil, destes R$ 200,00 foram só em Gramado, RS. Existem outros gastos que não são tão previsíveis como uma passada na farmácia, um lubrificante para a moto que termina, um souvenir, entre outras muitas pequenas coisas, mas foram contabilizadas aqui nessa viagem.
Incluindo todos os custos, o dia que mais gastamos saiu por R$ 659,26 em Gramado-RS, em contrapartida o dia mais barato saiu por R$ 134,31 em Torres, RS. A média de gastos por dia foi de R$ 351,77, ou seja, o custo total dos 15 dias de viagem foi de R$ 5.276,59
Existem outros custos indiretos que não foram contabilizados. Antes da viagem a moto foi revisada e na volta teve outra revisão. Em ambas revisões fiz troca de óleo e filtro, e na revisão antes da viagem os pneus foram trocados. O desgaste geral da moto também não foi contabilizado.
Enfim, essa foi a média de custos dentro do meu padrão de viagem. Esse valor dependendo dos seus padrões pode variar muito para mais ou para menos, principalmente nos itens hospedagem, alimentação e opções de turismo. Os demais custos no geral tendem a ser parecidos. Espero que com esse levantamento de valores você possa ter uma base e prever um valor aproximado dos gastos da sua próxima viagem. Boa viagem! JR Quer ver como foi essa minha viagem? Assista o vídeo:
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